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RPG e o ensino de História


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A historiografia sofreu grandes transformações ao longo dos dois últimos séculos, assim como o modo de ensinar a disciplina História. O antigo clichê de “professor carrasco” praticamente encontra-se em extinção. A pedagogia contemporânea explana acerca da importância de uma boa relação entre professores e alunos, bem como a necessidade de induzir o discente a pensar, fazendo com que ele não seja apenas uma tábula rasa em que é depositado o conhecimento do docente. E que também, aos poucos, o aluno cientifique o pensamento, que o educador busque a chamada curiosidade epistemológica2, isto é, aguçar a curiosidade do aluno e, ao mesmo tempo, limitá-la, impor fronteiras, torná-la mais crítica.

No atual ensino de História, os docentes não mais buscam uma espécie de “louvação” aos poderes dominantes, como faria o velho positivismo. A conscientização política, o esclarecimento sobre os variados pontos de vista historiográficos, e até mesmo, às vezes, uma dose de niilismo compõe parte do quadro de ensino histórico. Todavia, apesar da grande evolução nas maneiras pedagógicas, a monotonia em sala de aula e a falta de atenção dos alunos ainda representam problemas a serem encarados. Problemas estes que podem ser causados por diversos fatores, que passam desde pequenos distúrbios afetivos a graves crises financeiras.

Dificuldades que se tornam cada vez mais constantes nas sociedades ocidentais pós-modernas, graças a um capitalismo avançado que aumenta a distância entre indivíduos de uma mesma família e tenta, com sua ideologia, que meninos de rua e ladroagem política tornem-se um fatalismo inevitável. Entretanto, acreditar na inexorabilidade da História seria esquecer antigos filósofos, como Heráclito e Lao-Tsé, seria recusar a inconstância do mundo e o fluxo do tempo.

Assim, observamos que muitas vezes os alunos não são estimulados no contexto de sala de aula, dificultando em muito o seu aprendizado. É necessário incitá-los, fazer com que produzam em um ambiente de troca professor-aluno e passível de alegria. As linguagens alternativas apresentam modos, possibilidades que podem, sim, excitar os discentes à construção de novos conhecimentos, além de cooperar para a democratização desses conhecimentos em sala de aula, fazendo do aluno um sujeito ativo. Produzir arte aliada ao conhecimento, ao teatro, à música, à narrativa, à dança e aos jogos de criação faz dos alunos sujeitos produtores, além de criar um clima espontâneo em sala de aula.

Dentro dessas possibilidades, encontra-se o RPG (roleplaying game), criado na década de 1970, muito influenciado pelos jogos de guerras alemães (simulações de batalha que evoluíram para jogos de tabuleiro) e a literatura de Tolkien, autor da trilogia O Senhor dos Anéis. A mescla do RPG e ensino ganha força no Brasil desde 1997, graças, sobretudo, a tese de doutorado de Sônia Rodrigues, que estabelece uma forte ligação entre o jogo e a Literatura, mostrando a semelhança entre o primeiro e o conto maravilhoso, bem como o gênero épico. A autora aponta a importância da produção de textos por parte dos alunos e mostra que as sessões de RPG em aula estimulam a criatividade e, consequentemente, a produção de textos narrativos.

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