Cristo marcha na frente dos Cruzados
No terceiro
dia, os Turcos fizeram um assalto violento a Boemundo e seus companheiros. Os Turcos começaram a gritar, a
uivar e chorar em voz alta incessantemente, fazendo um som infernal, não sei
como, na sua própria língua.
Quando o sábio Boemundo viu de longe os inúmeros Turcos gritando e chorando num som diabólico, imediatamente ordenou que todos os cavaleiros desmontassem e armassem prontamente as tendas. Antes das tendas serem levantadas, falou a todos os soldados:
‒ “Meus senhores e os mais fortes dos soldados de Cristo! Uma difícil batalha está se formando em torno de nós. Que todos avancem contra eles, corajosamente, e que a infantaria monte as tendas com cuidado e rapidez”.
Quando o sábio Boemundo viu de longe os inúmeros Turcos gritando e chorando num som diabólico, imediatamente ordenou que todos os cavaleiros desmontassem e armassem prontamente as tendas. Antes das tendas serem levantadas, falou a todos os soldados:
‒ “Meus senhores e os mais fortes dos soldados de Cristo! Uma difícil batalha está se formando em torno de nós. Que todos avancem contra eles, corajosamente, e que a infantaria monte as tendas com cuidado e rapidez”.
Quando tudo
isso tinha se passado, os turcos já haviam nos cercado por todos os lados. Eles
nos atacaram, cortando, jogando e atirando flechas por toda parte, de uma forma
estranha. Embora mal
pudéssemos contê-los, ou até mesmo suportar o peso de um tal exército, no
entanto, todos nós conseguimos manter nossas fileiras. Nossas mulheres foram uma
grande bênção para nós naquele dia, pois carregaram água para nossos
combatentes e confortaram os lutadores e defensores.
O
sábio Boemundo imediatamente ordenou que os outros, ou seja, o Conde de Saint
Gilles, o Duque Godofredo, Hugo de França, o bispo de Le Puy, e todo o resto
dos soldados de Cristo se apressassem e marchassem rapidamente para o campo de
batalha. Ele disse: “Se
eles querem lutar hoje, quem venham com força total”. O forte e corajoso Duque
Godofredo e Hugo de França adiantaram-se com seus exércitos.
O Bispo de Le Puy seguiu com suas tropas, e o
Conde de Saint Gilles veio em seguida, com um grande exército. Nosso povo estava muito
curioso [para saber] de onde uma tal multidão de Turcos, Árabes, Sarracenos, e
outros cujos nomes ignoro, tinha vindo.
Com efeito, esta raça excomungada enchia todas as
montanhas, montes, vales e planícies por todos os lados, tanto dentro como fora
do campo de batalha. Tivemos
uma conversa secreta e, depois de louvarmos a Deus e de termos nos aconselhado,
dissemos: “Unamo-nos todos na Fé de Cristo e na vitória da Santa Cruz, pois, se
Deus quiser, hoje todos nos tornaremos ricos”. Nossas forças puseram-se em uma
contínua linha de batalha.
Batalha de Doriléia, a primeira grande batalha das Cruzadas
À esquerda
havia Boemundo, Roberto o Normando, o prudente Tancredo, Roberto de Ansa, e
Ricardo do Principado. O
Bispo de Le Puy aproximou-se por uma outra montanha e, assim os turcos infiéis
ficaram cercados por todos os lados. [nota: o Beato bispo Ademar de Le Puy
tinha, em outras palavras, conduzido um grupo de cavaleiros franceses do sul
através das montanhas, ao redor e atrás das linhas turcas. O aparecimento
súbito no campo, do Bispo e seus cavaleiros, que vieram por trás dos flancos
turcos, pôs os Turcos em pânico e garantiu a vitória aos cruzados.]
Raimundo de
Saint Gilles também lutou no lado esquerdo. À direita estavam o Duque
Godofredo, o Conde de Flandres (um valentíssimo cavaleiro) e Hugo de França,
juntamente com muitos outros cujos nomes eu desconheço. Logo que nossos cavaleiros
chegaram, os Turcos, Árabes, Sarracenos, Angulanos, e todos as tribos bárbaras
rapidamente fugiram pelos atalhos das montanhas e planícies. Os Turcos, Persas, Paulicianos,
Sarracenos, Angulanos e outros pagãos eram 360.000, além dos Árabes, cujos
números só Deus conhece.
Com
velocidade extraordinária, fugiram para suas tendas, mas não puderam permanecer
lá por muito tempo. Mais
uma vez fugiram e nós os seguimos, matando-os um dia inteiro. Levamos muitos
despojos: ouro, prata, cavalos, burros, camelos, carneiros, gado, e muitas
outras coisas que não conhecemos.
Se o Senhor
não estivesse conosco na batalha e não tivesse nos enviado um outro exército
repentinamente, nenhum dos nossos homens teria escapado, pois a batalha durou
da terceira até a hora nona.
Mas
Deus Todo Poderoso é misericordioso e bondoso. Ele não permitiu que Suas tropas
perecessem, nem quis Ele entregá-las nas mãos do inimigo; antes, Ele
prontamente enviou-nos ajuda.
Dois dos nossos honrados cavaleiros foram mortos, a saber, Godofredo de Monte
Scaglioso e Guilherme, o filho do Marquês e irmão de Tancredo. Alguns outros
cavaleiros e soldados de infantaria, cujos nomes não sei, também foram mortos.
O Beato Adhemar, bispo de Puy (de mitra-elmo) decidiu a batalha em favor dos Cruzados
Quem será
suficientemente sábio e instruído para se atrever a descrever a prudência,
coragem e bravura dos Turcos?
Eles
acreditavam que poderiam aterrorizar a raça dos Francos, ameaçando-os com suas
flechas, como tinham aterrorizado os Árabes, Sarracenos, Armênios, Sírios e
Gregos. Mas, queira Deus, eles nunca serão tão poderosos como nossos homens.
Na verdade, os turcos dizem que são aparentados aos Francos e que nenhum homem deveria, por natureza, ser cavaleiro, a não ser os Francos e eles próprios [os turcos].
Falo a verdade, que ninguém pode negar. Que se tivessem sido sempre firmes na Fé de Cristo e do Cristianismo, se tivessem querido confessar a Deus Trino, e se tivessem honestamente acreditado, de boa fé, que o Filho de Deus nasceu da Virgem, que Ele sofreu e ressuscitou dos mortos e subiu ao Céu na presença dos Seus discípulos, que Ele enviou o conforto perfeito do Espírito Santo, e que Ele reina no Céu e na terra; se eles tivessem acreditado em tudo isso, teria sido impossível encontrar um povo mais poderoso, mais corajoso, ou mais hábil na arte da guerra.
Pela graça de Deus, no entanto, nós os derrotamos. A batalha ocorreu no dia primeiro de Julho.
Na verdade, os turcos dizem que são aparentados aos Francos e que nenhum homem deveria, por natureza, ser cavaleiro, a não ser os Francos e eles próprios [os turcos].
Falo a verdade, que ninguém pode negar. Que se tivessem sido sempre firmes na Fé de Cristo e do Cristianismo, se tivessem querido confessar a Deus Trino, e se tivessem honestamente acreditado, de boa fé, que o Filho de Deus nasceu da Virgem, que Ele sofreu e ressuscitou dos mortos e subiu ao Céu na presença dos Seus discípulos, que Ele enviou o conforto perfeito do Espírito Santo, e que Ele reina no Céu e na terra; se eles tivessem acreditado em tudo isso, teria sido impossível encontrar um povo mais poderoso, mais corajoso, ou mais hábil na arte da guerra.
Pela graça de Deus, no entanto, nós os derrotamos. A batalha ocorreu no dia primeiro de Julho.
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