Muçulmano teme nova cruzada
Para o jornalista muçulmano Hilal
Skandar a incompreensão entre a cultura ocidental e a Islâmica pode levar a um
novo enfrentamento tão cruel como as Cruzadas. "Muitas circunstâncias são
semelhantes até demais, só que naquela época o mundo islâmico era mais
desenvolvido culturalmente que o europeu, ao contrário do que ocorre hoje",
diz ele.
"Reina entre os ocidentais
uma incompreensão quase total do que seja o Islam, como existia na Europa Medieval",
afirma ele. Segundo o jornalista a quase total ignorância em relação ao mundo
islâmico faz com o ocidental médio não tenha mais que uma "visão confusa e
estereotipada" do muçulmano.
Outra semelhança é o estado de
profunda divisão dos muçulmanos, quase sempre baseada em questões que nada tem
a ver com a fé. Tanto de um lado como do outro o que existem são interesses
políticos e econômicos muito concretos que não tem nada a ver com fé, religião
e muito menos com Deus.
Para ele o campo preferencial da
Nova Cruzada é a informação. "Quem controla a produção, organização e distribuição
da informação" diz ele "pode voltar para onde quiser os seus canhões
e exércitos". Na visão dele existe um esforço da mídia em tentar, tal como
nos tempos medievais, excluir os muçulmanos da espécie humana e com isto tornar
mais aceitável perante a opinião pública o seu extermínio.
Interesses políticos e econômicos
fazem, na opinião dele, com que as incompreensões se ampliem e podem levar a
legitimação de um conflito que "hoje já é latente". "O
estereótipo do árabe terrorista, mal encarado, com a barba mal feita e fanático
ameaçando civis está se enraizando no imaginário ocidental, embora não tenha correspondente
na realidade", comenta.
O verdadeiro caráter, afirma o
jornalista, da Jihad - chamada pelos ocidentais de Guerra Santa - por exemplo, não
tem nada a ver com a impressão que o noticiário internacional dá dela todos os
dias. Segundo ele a Jihad é basicamente defensiva e só pode ser convocada pelo
consenso de todos os muçulmanos quando existe uma agressão ou ameaça eminente
de agressão.
Também existe, diz ele, grande
interferência das potências ocidentais nas regiões muçulmanas e em especial no Oriente
Médio. "A Guerra do Líbano é alimentada desde o século passado pelo
imperialismo ocidental e existem evidências de ligações entre os grupos
radicais e a CIA", comenta.
"Espero que a facilidade de
comunicação entre os povos permita em tempo curto um maior contato entre a cultura
ocidental e a islâmica" afirma o jornalista. "Só ambos se
compreendendo e respeitando mais poderemos criar a cooperação ao invés da
guerra", conclui.
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